sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Só para recordar

Se para alguns uma imagem é capaz de sintetizar mil palavras, para outros uma publicação repleta de ilustrações costuma disfarçar a falta de conteúdo. Entretanto, ilustração e palavra nasceram da mesma fonte, caracteres pictográficos, signos que seguem a mesma lógica para representar um contexto, ou idéia. Hoje, a ilustração é uma representação gráfica que complementa a idéia e o visual, esclarece as palavras como também as enobrece.

Na verdade, a ilustração dá uma força até na hora da morte. O Livro dos Mortos que acompanhava o falecido, na época dos egípcios, reunia os ritos e feitiços a serem seguidos quando o morto entrasse no pós-vida. O hábito era pintar os procedimentos nas tumbas e nos sarcófagos, mas como nem todo mundo tinha cacife para tanto surgiram as primeiras "publicações" ilustradas. A partir do ano 1300 a. C., registro do primeiro papiro sobre O Livro dos Mortos, as classes mais baixas puderam encontrar o caminho certo do pós-morte. Na falta de recursos, o papiro popularizou a ilustração e os ritos relacionados à morte.

ILUMINADOS
Os manuscritos devidamente adornados por ilustrações cheias de detalhes inspiraram o nome de iluminadores (ou ilustradores) aos profissionais responsáveis por decorar os textos. Datados a partir do império romano e início da era Cristã até o sucesso dos impressos por volta de 1450, os “Manuscritos Iluminados” cintilavam com o brilho das folhas de ouro. Desse período um dos manuscritos mais antigos que restam é a Ilíada, do século IV, da Biblioteca Ambrosiana de Milão.

JORNAL E ILUSTRAÇÃO
Os tipos móveis de Guttemberg (por volta de 1450) permitiram a popularização dos livros, jornais, e a ilustração passou a ser repensada para um contexto de reprodução em série.

As primeiras ilustrações eram em preto e branco através de processos de gravura em metal, fotogravação, e lápis gorduroso sobre pedra calcária, litografia. Com os avanços no século XIX a aplicação de várias cores foi possível através do processo de cromolitografia. A cromolitografia seguia a mesma lógica da litografia, lápis gorduroso que definia o desenho sobre uma pedra de calcária, mas uma placa para cada cor utilizada. A ilustração comercial se popularizou e surgiu o profissional crimolitógrafo, responsável por decompor e transferir as ilustrações para a pedra litográfica, atividade que exigia estudo detalhado para a escolha e reprodução dos tons corretos.

REVOLUÇÃO NA ARTE
Movimentos artísticos, como a Semana de 22, abriram um novo panorama para as artes. Foi possível notar maior liberdade no traço que deixava o olhar renascentista/ realista para aproveitar colagens, montagens e novas combinações de cores.

Com maior liberdade para criar estilos a ilustração se popularizou, mas ainda foi preciso superar o alvoroço causado pela fotografia. Mesmo com morte decretada, a ilustração foi amplamente usada pelos meios de comunicação.

Redescoberto o potencial do desenho para iluminar as palavras o computador trouxe uma nova discussão: qualquer um pode ilustrar? Programas de computador repletos de efeitos e filtros deixam qualquer traço torto "meio" profissional. Mesmo assim, conhecimento e criatividade continuam sendo importantes para o ilustrador que deseja se profissionalizar.


Leia também:

http://rtz2.blogspot.com/2008/03/uma-breve-histria-da-ilustrao.html

http://www.emdiv.com.br/pt/arte/enciclopediadaarte/1863-a-historia-da-ilustracao-.html














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